MetaMask, anteriormente a principal porta de entrada para Ethereum, está expandindo seu alcance para suportar várias blockchains. A Consensys aposta que o reflexo familiar de “conectar carteira” pode ser traduzido entre diferentes redes. A MetaMask introduziu recentemente o suporte nativo ao Solana, permitindo que sua extensa base de usuários gerencie tokens SOL e SPL sem a necessidade de uma carteira separada focada em Solana.
O roadmap também inclui suporte ao Bitcoin, com o objetivo de integração em 2025. Se bem-sucedida, a MetaMask se tornaria a primeira carteira principal a suportar nativamente Ethereum, Solana e Bitcoin, ecossistemas que historicamente exigiram aplicações e abordagens de gerenciamento distintas. Essa movimentação é oportuna, pois os endereços ativos mensais do Solana têm apresentado crescimento significativo, rivalizando com a atividade combinada de outras redes layer-1 e layer-2. Esse aumento de atividade apresentou uma oportunidade para a MetaMask, que anteriormente não oferecia suporte ao crescente ecossistema do Solana.
A Phantom, uma carteira proeminente nativa do Solana, já adotou uma estratégia multichain, adicionando suporte para Ethereum e Bitcoin. Isso sinaliza que a era das carteiras multichain já chegou, e a MetaMask está se posicionando para ser um player chave.
Uma Experiência Unificada
O cerne da estratégia da MetaMask é uma experiência de usuário unificada, oferecendo uma única conta para gerenciar várias blockchains. O produto agora fornece uma visualização consolidada de portfólio entre Ethereum e Solana, com funcionalidades integradas de swap e bridge. Os usuários podem importar carteiras Solana existentes usando sua Frase de Recuperação Secreta existente, simplificando o processo de uma experiência multiapp para uma única sessão. A eventual integração do Bitcoin fechará ainda mais este ciclo, permitindo que uma frase de recuperação gerencie ativos em três ecossistemas de blockchain distintos com diferentes mecanismos de consenso e esquemas criptográficos.
Essa conveniência, no entanto, vem com riscos aumentados. Uma única frase seed comprometida poderia expor todas as cadeiras conectadas simultaneamente. A Consensys forneceu orientações de segurança para este modelo multichain, destacando o trade-off entre a conveniência de um backup unificado e o aumento do “blast radius” de uma potencial violação de segurança. Problemas passados, como um bug de extensão causando escritas excessivas de dados em SSDs, também afetaram a percepção de confiabilidade.
Abstração de Conta e Segurança
A abstração de conta é um componente chave deste lançamento multichain. A Consensys está incorporando ferramentas como o Delegation Toolkit e o futuro padrão EIP-7702 da atualização Pectra do Ethereum. Essas tecnologias permitem recursos como patrocínio de gas, loteamento de transações e permissões baseadas em sessão, que podem abstrair as complexidades de frases seed e fluxos de transação complexos, levando ao que às vezes são chamadas de “carteiras invisíveis”. Embora essa visão ofereça uma experiência de usuário mais fluida, o EIP-7702 também introduz novos caminhos para phishing, exigindo que as carteiras distingam efetivamente solicitações legítimas de maliciosas. A capacidade da MetaMask de exibir claramente avisos de segurança será crucial.
Interfaces de Carteira nas Pontos de Entrada
As interfaces de carteira estão evoluindo para se tornarem os principais pontos de entrada para o ecossistema cripto. Ao exibir dApps do Solana e outras funcionalidades em sua visualização padrão, a MetaMask pode impulsionar a adoção nesses ecossistemas, oferecendo o caminho de menor atrito. A mesma lógica se aplica ao Bitcoin, onde recursos como ordinals e inscrições aumentaram sua utilidade além de apenas um ativo de poupança. Uma aba nativa do Bitcoin dentro da MetaMask permitiria aos usuários interagir com colecionáveis baseados em Bitcoin ou pagamentos Lightning sem trocar de aplicativo, e vice-versa para usuários de Bitcoin explorando outras cadeias.
Disputa pelo “Mindshare”
A questão estratégica é se a distribuição sozinha pode mover a gravidade do ecossistema. Embora a base de usuários da MetaMask seja maior, a Phantom detém um “mindshare” significativo dentro da comunidade Solana. Se a MetaMask conseguir converter mesmo uma parte de seus usuários em participantes ativos cross-chain, isso poderia impactar significativamente o cenário. Isso não significa necessariamente um cenário de “o vencedor leva tudo”. A Phantom provavelmente se concentrará em recursos avançados e descoberta impulsionada pela comunidade, enquanto a MetaMask almeja uma experiência cross-chain valiosa aprimorada pela abstração de conta.
Complexidade Regulatória
O ambiente regulatório adiciona outra camada de complexidade. A SEC processou a Consensys, alegando que certos recursos da MetaMask operaram como corretores não registrados. Embora o caso esteja em andamento, ele introduz incerteza em expansões de produtos, pois cada nova cadeia ou fluxo de receita pode gerar mais escrutínio.
Várias Abordagens de Carteiras
Outras carteiras estão explorando abordagens diferentes. A OKX Wallet opera como um super-app que suporta um vasto número de cadeias. A Coinbase Smart Wallet, por outro lado, está focando em carteiras embarcadas e fluxos sem senha para adoção mainstream, principalmente dentro de cadeias compatíveis com EVM. A MetaMask ocupa um espaço intermediário, enfrentando pressões regulatórias, mas também precisando se adaptar onde os usuários estão ativamente engajados, como no Solana e potencialmente no Bitcoin.
A Corrida pela Experiência do Usuário
O impulso multichain é tanto uma questão de sobrevivência quanto de ambição. Em um cenário onde a participação de mercado das carteiras pode se traduzir em influência do ecossistema, controlar a experiência padrão do usuário com atrito mínimo é fundamental. A concorrência mudou de gerenciamento puro de chaves para o estabelecimento de padrões. Qualquer carteira que consiga capturar a interação inicial do usuário – o primeiro toque, o primeiro swap, a cadeia padrão carregada – influenciará significativamente onde novos usuários descobrem e interagem com cripto.
Se a MetaMask integrar com sucesso o Bitcoin antes do final do ano, 2026 poderá ver uma única interface onde Ethereum, Solana e Bitcoin são tratados como abas prontamente acessíveis. Nesse cenário, o foco muda de qual blockchain vence para qual carteira dita a jornada do usuário.
