O Bitcoin está sendo negociado perto de seu pico histórico, enquanto o mercado processa influências de curto prazo e fluxos de investimento, mesmo com a tese de “debasement” mantendo sua força. O ouro atingiu um novo recorde, mas o Bitcoin enfrentou uma queda semanal, com analistas apontando para fatores como a força do dólar americano, preocupações com bolhas no mercado de ações e tensões geopolíticas.
O que é a Tese de Debasement?
A tese de debasement trade ganhou destaque após a publicação de um relatório em 1º de outubro. Essa tese se baseia na expectativa de que a expansão fiscal e a desvalorização da moeda levarão a um aumento na demanda por ativos tangíveis, também conhecidos como hard assets. Consequentemente, ativos que tendem a reter poder de compra, como ouro e Bitcoin, seriam beneficiados nessas condições. Coerente com essa expectativa, o ouro atingiu um novo pico histórico de US$ 4.059,38 no dia 10 de outubro.
Por que o Bitcoin Caiu Enquanto o Ouro Subiu?
Apesar do desempenho positivo do ouro, o Bitcoin experimentou uma queda de 4,2% na semana. Vários fatores de curto prazo contribuíram para essa volatilidade.
Pressão de Curto Prazo
No momento da publicação, observou-se um aumento de 1,3% no dólar americano na semana, aproximando-se de seu melhor fechamento semanal desde meados de novembro de 2024. Esse movimento começou após os títulos do governo japonês atingirem seus maiores rendimentos em 17 anos, o que fortaleceu o dólar.
Traders começaram a reduzir a exposição a riscos em meados da semana, impulsionados por preocupações com uma possível bolha no mercado de ações, com ações negociando próximas a seus picos históricos.
Em 10 de outubro, surgiram ameaças contra a China em resposta ao seu controle sobre elementos de terras raras, que são cruciais para a cadeia de suprimentos de hardware tecnológico.
Reflexões sobre a Estrutura do Mercado
Os desenvolvimentos macroeconômicos impactaram um dos principais suportes de preço do Bitcoin: a demanda por fundos negociados em bolsa (ETFs). Apesar de atrair mais de US$ 1,2 bilhão em 6 de outubro, registrando um dos maiores fluxos diários já vistos, os fluxos de ETFs de Bitcoin diminuíram para US$ 875,6 milhões no dia seguinte.
Dados da Farside Investors indicam que os fluxos continuaram a diminuir em 8 de outubro, totalizando US$ 440,7 milhões. Em 9 de outubro, os ETFs de Bitcoin registraram apenas US$ 198 milhões em fluxos de entrada, a menor quantia durante uma sequência de nove dias consecutivos de entradas positivas.
Em 10 de outubro, a ameaça geopolítica despoletou uma hesitação de risk-off, desencadeando liquidações de posições compradas (longas) totalizando US$ 807 milhões em 24 horas, com US$ 580 milhões sendo liquidados em um período de apenas quatro horas.
Um Revés Temporário?
Apesar do cenário atual de alta volatilidade, o Bitcoin ainda parece bem posicionado para um desempenho forte no quarto trimestre. A pausa nas ações, a procura volátil por ativos de refúgio e o choque de fechamento de semana reduziram a urgência dos investidores em adicionar posições a preços elevados.
Além disso, a consolidação do Bitcoin reflete a realização de lucros após uma alta significativa de 7% para US$ 126.000, em vez de uma deterioração nos fundamentos da criptomoeda.
A narrativa de debasement persiste, mas a limpeza de posições e as dinâmicas de fluxo provavelmente ditarão a ação de preço de curto prazo, antes que os ventos macroeconômicos favoráveis reassumam o controle.
