Ravi Kumar S, da Cognizant Technology Solutions, prevê que a inteligência artificial (IA) impulsionará novas oportunidades para recém-contratados com as competências certas, promovendo uma revolução na aquisição de talentos e moldando um futuro semelhante ao modelo de trabalho de Hollywood.
O Impacto da IA na Aquisição de Talentos
Kumar tem explorado ativamente teses de IA dentro da Cognizant. Ele argumenta que a IA não apenas manterá a demanda por graduados, mas também acelerará o caminho para a especialização, achatando a pirâmide de carreira tradicional. A integração do aprendizado contínuo desde o ensino básico e o uso de ferramentas de IA em cursos superiores são essenciais para o desenvolvimento de habilidades interdisciplinares. A Cognizant, por exemplo, está aumentando sua contratação de recém-graduados, equipando-os com ferramentas de IA para potencializar suas capacidades. A visão de Kumar é clara: a IA é uma ferramenta de amplificação do potencial humano, não de substituição.
Habilidades Interdisciplinares e a Nova Fronteira da Inovação
A especialização, segundo Kumar, está perdendo seu valor como diferencial, uma vez que a expertise se torna cada vez mais acessível via IA. A verdadeira vantagem competitiva reside agora na aplicação inteligente dessas informações. Ele incentiva firmemente o desenvolvimento de habilidades interdisciplinares. Um historiador, por exemplo, poderia unir seu conhecimento com competências computacionais para se tornar um futurista, ou um biólogo poderia utilizar a computação para acelerar o desenvolvimento de medicamentos.
A resolução de problemas continua sendo um pilar do trabalho. Com a ajuda da IA, haverá uma distribuição mais equitativa entre aqueles que identificam os desafios e aqueles que os solucionam. Essa transformação integrará disciplinas não-STEM, como antropologia, sociologia, psicologia e jornalismo, às funções corporativas essenciais, com um foco renovado na identificação proativa de problemas. As habilidades intrinsecamente humanas, como validação e verificação, permanecerão cruciais, enquanto a IA cuidará das etapas intermediárias de formulação de prompts, conceituação e execução.
IA como Catalisador da Criatividade e Produtividade
No entendimento de Kumar, a IA funcionará como um poderoso impulsionador da criatividade, liberando os humanos para se concentrarem em validação e verificação. Ele compara este momento à revolução da internet, antecipando um salto de produtividade semelhante. Diferentemente de avanços tecnológicos anteriores que visavam substituir mão de obra, o potencial da IA reside em ampliar as capacidades humanas, o que pode levar a uma distribuição mais justa de salários.
Preocupações com a Acessibilidade e a Divisão Digital
Diante de preocupações sobre a queda nas pontuações de testes estudantis e a diminuição das matrículas universitárias, Kumar reconhece a necessidade de uma distribuição equitativa dos benefícios da IA. Ele aponta que a proliferação de habilidades digitais, em vez de criar uma ponte, acentuou uma divisão, beneficiando mais os criadores das ferramentas do que os seus usuários.
O Modelo “Work, Earn, Learn” e Parcerias Estratégicas
Internamente, a Cognizant está passando por uma reconfiguração de carreiras, criando funções híbridas que mesclam operações e tecnologia. A empresa está desenvolvendo um programa de aprendizado com o modelo “trabalhar, ganhar e aprender”, buscando parcerias universitárias para a validação acadêmica. Kumar vê as revoluções tecnológicas como avenidas para a mobilidade social ascendente, acreditando que a IA está democratizando o acesso a muitas profissões.
A Cognizant está ativamente recrutando graduados de artes liberais e faculdades comunitárias que não possuem formação STEM, com programas de aprendizado em diversos estados. Parcerias com organizações como a Merit America facilitam transições de carreira sem a necessidade de que os funcionários deixem seus empregos.
O “Blueprint de Hollywood”: Agilidade e Flexibilidade na Gestão de Talentos
Kumar propõe uma transição do modelo hierárquico industrial para um “blueprint de Hollywood” mais ágil. Ele descreve este modelo como a formação de equipes flexíveis para projetos específicos, que são desfeitas após a conclusão. Os estúdios de produção atuariam como estruturas de capital, enquanto o talento seria fluido. Gerenciado por agências, sindicatos e empresas de serviços, este ecossistema permitiria a seleção, integração e gestão de talentos especializados sob demanda.
Ele acredita que as corporações precisam abraçar esse modelo, transcendendo limitações atuais como conhecimento institucional arraigado e estruturas de RH rígidas. Enquanto a economia gig abordou a variabilidade na força de trabalho, o cerne das empresas permaneceu menos adaptável. A IA, sugere Kumar, pode capturar e incorporar conhecimento institucional e tribal em agentes ativos. Esses agentes poderiam, então, “agir” com o contexto específico da empresa, tornando o capital de IA permanente e o capital humano mais volátil.
Cultura Organizacional e a Facilitação da Mudança
Kumar reconhece que a cultura organizacional pode, por vezes, ser um obstáculo à mudança. No entanto, a capacidade dos sistemas de IA de avaliar e reconfigurar de forma imparcial pode impulsionar os ajustes necessários. Isso habilita uma estrutura fluida, com capital agente, supervisão humana e contribuição humana variável para os resultados de projetos específicos.
Flexibilidade e Segurança na Era da IA
O modelo de Hollywood, ele pondera, depende de uma mentalidade de flexibilidade e segurança individual, o que pode ser um desafio para uma geração que anseia por estabilidade. Contudo, ele acredita que a IA oferece um “desbloqueio” para uma melhor distribuição de empregos qualificados, potencialmente dissociando o trabalho, o local de trabalho e até mesmo a estrutura tradicional de benefícios para aqueles que priorizam compensação imediata.
Ele observa que as pessoas estão vivendo mais e tendo múltiplas carreiras, enquanto a relevância das habilidades diminui rapidamente. Isso exige uma adaptação global a pacotes de trabalho modulares, permitindo acesso a mais capital e capital humano.
Liderança, Adaptação e o Equilíbrio Entre Presente e Futuro
Kumar encontra inspiração na aplicação ampla de informações e na geração de insights multifuncionais, facilitada pela capacidade da IA de conectar conceitos díspares. Ele acredita em liderar com um entendimento profundo do ambiente mais amplo, mantendo uma alta velocidade de recalibração e revalidando continuamente as suposições. Ele enfatiza que as empresas são plataformas cruciais para a mudança social, exigindo um delicado equilíbrio entre a preparação para o futuro e a gestão eficaz do presente.