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  • IA e Ciência do Envelhecimento: Dados, Descobertas e “Healthspan” para Todos

    IA e Ciência do Envelhecimento: Dados, Descobertas e “Healthspan” para Todos

    A busca por uma vida mais longa e saudável está prestes a ser impulsionada pela inteligência artificial (IA). No entanto, um dos maiores desafios, como em todos os avanços da IA, reside na qualidade e quantidade dos dados disponíveis.

    O Déficit de Dados na Ciência do Envelhecimento

    No campo da ciência do envelhecimento, há uma notável carência de dados que permitam aos cientistas compreenderem plenamente como as células e órgãos humanos envelhecem. Além disso, a influência de fatores como gênero, etnia e ambiente no processo de envelhecimento ainda é pouco explorada devido à falta de informações detalhadas.

    A Importância dos Dados Abrangentes

    A coleta adequada de dados biológicos, demográficos e epidemiológicos é fundamental. Contudo, o atual arcabouço do sistema de saúde limita a abrangência da rede de coleta de dados, impedindo que se alcance a profundidade necessária para uma análise completa.

    Mudança de Paradigma na Triagem e Intervenção

    Atualmente, as triagens de saúde geralmente ocorrem em idades avançadas. O objetivo é inverter essa abordagem, visando compreender a biologia do envelhecimento para permitir intervenções precoces. Embora a idade ideal para iniciar essas triagens ainda seja incerta, é reconhecido que o envelhecimento se inicia muito antes dos 60 anos.

    Atuação da Hevolution na Descoberta de Medicamentos

    A Hevolution está engajada em colaboração estreita com cientistas e empresas de biotecnologia. O foco é impulsionar a descoberta de medicamentos voltados para o healthspan – o período de vida saudável –, visando a redução de doenças relacionadas à idade e a democratização do acesso a esses avanços.

    IA Acelerando a Descoberta de Medicamentos

    Um número crescente de laboratórios está utilizando IA para agilizar o processo de descoberta de medicamentos, ampliando as possibilidades de pesquisa. Atualmente, existem 30 projetos baseados em IA em andamento, criteriosamente selecionados por seu potencial de “duplo propósito”.

    A intenção é identificar alvos de proteínas e medicamentos que possam ser eficazes tanto no tratamento de doenças específicas quanto no combate ao envelhecimento simultaneamente. A aprovação do primeiro medicamento descoberto por IA, que combata uma enfermidade e, subsequentemente, demonstre uma reversão credível de biomarcadores de envelhecimento em ensaios clínicos, representará um marco significativo.

    Perspectivas de Avanços Científicos

    Evidências substanciais sugerem que estamos à beira de grandes descobertas científicas na pesquisa sobre o envelhecimento. Embora não se espere uma avalanche de milagres nos próximos 10 anos, a projeção para as próximas duas décadas aponta para a ocorrência de muitos eventos dramáticos e transformadores.

    A Contribuição dos Large Language Models

    Grandes modelos de linguagem de IA possuem o potencial de desvendar conhecimentos e insights cruciais na ciência do envelhecimento. No entanto, com o aumento do papel da IA, a necessidade de preencher as lacunas de dados torna-se ainda mais imperativa.

    O Viés Histórico nos Ensaios Clínicos

    Um exemplo notório é que, até 1993, ensaios clínicos incluíam predominantemente participantes do sexo masculino. Grande parte dos ensaios atuais ainda ocorre na Europa e nos Estados Unidos, resultando em menos de 1% de participantes de ensaios clínicos sendo mulheres de origem do Oriente Médio, Sul da Ásia e África.

    Implicações para a Ciência do Envelhecimento

    Este cenário é particularmente problemático para a ciência do envelhecimento, considerando as distinções no processo de envelhecimento entre homens e mulheres. Uma suposição corrente é que, ao atingir os 80 anos, um indivíduo teria 60 anos saudáveis, com os 25% restantes em relativamente má saúde. Essa premissa, entretanto, aplica-se majoritariamente aos homens.

    Por outro lado, as mulheres frequentemente vivenciam os 60% intermediários de suas vidas em condições de saúde relativamente precárias, devido a flutuações hormonais, atrasos diagnósticos e outros fatores. Os últimos 30% de suas vidas tendem a ser vividos em melhor saúde.

    Portanto, a pesquisa e os avanços na ciência do envelhecimento devem considerar que, para as mulheres, o objetivo “não se trata de estender a vida, trata-se de recuperá-la”.